domingo, 19 de julho de 2009

Aquela Mulher


Existia nele uma ânsia de saber. No saber teórico e no saber baseado na experimentação. Nada se comparava em conhecimento que a experimentação. Para isso existia nele a vontade férrea de tudo experimentar. Por mais ínfimo, mais insignificante deveria servir para experimentação. A vida tinha-lhe dado de tudo um pouco. Agruras, angustias, felicidades, risos, amizades, amores, pobrezas, riquezas e infelicidades. Mas nada se comparava a riqueza de ver o sorriso de uma mulher, a sua sensualidade quando ela estava em plenitude como seu corpo e espírito. Vivia para as ver felizes. Tentar captar essa essência celestial. Esse “não sei o que” que imana de uma mulher quando na maior das infelicidades que a vida por vezes traz mostra toda a sua feminilidade, toda a beleza poderosa que tem dentro. Sentia-se pequeno, sentia pequenos os seus problemas quando comparados com a grandeza na resolução simples que as mulheres têm de enfrentar os problemas. Era pura e simplesmente magia. Nada as abalava, nada as atingia enquanto raciocinavam para a resolução do problema. A rapidez e a fugacidade, a empatia da descoberta, eram feitas com a maior das canduras. Tudo se tornava claro naquelas mentes. Transtornava-o a simplicidade de raciocínio a beleza da resolução. Fascinava-o a passagem para outra situação. Era puramente divinal. A experiencia e a experimentação tornava-o um pouco mais sabedor. Mas por momentos sentia-se desconcertado pois um facto que permitia uma determinada reacção tinha uma reacção diversa. Tornavam-se obsoletas as conclusões. Voltava novamente a refazer os cálculos. Voltava ao “laboratório” novamente e novamente experimentava. Concluía novamente. E novamente se sentia desconcertado. As reacções não eram as esperadas. Quem diria que elas descendiam do pai de toda a humanidade. A costela perdida que todos os homens procuram na realidade não esta presente na mulher que procuram mas sim na mulher que lhes deu origem. Nesse bendito ser que o trouxe durante nove meses no seu interior. Que por vezes apenas se sentiria seguro novamente dentro dele. Que procurando insistentemente noutro local não o encontra com a segurança suficiente para ai se refugiar. Que por isso todo o homem procura um abrigo parecido com aquele onde já viveu e do qual chorou ao sair. Mas experimentando voltou ao seu estudo e concluindo sentiu vontade de gritar. Pois quando se encontra refúgio parecido os dois são antagónicos. Deputam a posse de si de tal forma forte que uma guerra fratricida é uma metáfora pouco forte para o descrever. Que é de tal forma feia a guerra que parecem dois “Hércules” a segurarem as torres do mundo por ele. E grita novamente. Basta. E voltando a experimentação e ao “laboratório” volta a ficar desconcertado, desamparado pela fragilidade que as mulheres apresentam. De tão rijas tornam-se moles no momento de amar. Sentem-se frágeis sem amparo. Uma reacção que merecia uma resposta forte, não existe. Enfraquecem, tornam-se vulneráveis. A mulher ama… Ama incondicionalmente… Para o provar ao homem … Ao mundo e a si própria … O homem apenas ama a mulher… O mundo é adereço para ele… As outras são potenciais refúgios… Os concorrentes apenas são espectadores neste circo. E volta novamente a ficar confuso. Não quer mais experimentar, resolver o mistério. Apenas se sente sem forças para continuar. Nada na mulher é coerente, nada na mulher é constante, nada na mulher é previsível, nada na mulher é reprodutível, nada na mulher é teórico apenas tudo é uma mera hipótese que a cada passo é refutada.




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