sexta-feira, 11 de setembro de 2009

O Banqueiro




Uma tarde um famoso banqueiro ia na sua "limousine" quando viu dois homens na berma da estrada comendo relva. 
Ordenou ao seu motorista que parasse e saindo perguntou a um deles 
- Porque estão a comer relva ?
Não temos dinheiro para comida. - Disse o pobre homem – Por isso temos que comer relva.
- Bem, então venham a minha casa e eu vos darei de comer – disse o banqueiro.
- Obrigado, mas tenho a minha mulher e dois filhos comigo. Estão ali, debaixo daquela árvore.

 - Que venham também – disse novamente o banqueiro.
Voltando-se para o outro homem disse-lhe:
- Você também pode vir.
O homem, com uma voz muito sumida disse:
- Mas, Senhor, eu também tenho esposa e seis filhos comigo!
- Pois que venham também. Respondeu o banqueiro.
Entraram todos no enorme e luxuoso carro. Uma vez a caminho, um dos homens olhou o banqueiro e disse:
- O senhor é muito bom. Obrigado por nos levar a todos!  

O banqueiro respondeu: - Meu caro, não tenha vergonha, fico muito feliz por fazê-lo!  

Vão ficar encantados com a minha casa.... a relva está com mais de 20 centímetros de altura!  

Moral da história:
Quando pensares que um banqueiro te está a ajudar, pensa duas vezes!!!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Quem Perde o Corpo é a Língua.


Conta-se em Angola que há muito tempo um caçador, voltando para sua aldeia, encontrou uma caveira num oco de pau. Assustado, olhou desconfiadamente de um lado para o outro, temendo alguma armadilha ou uma das muitas artimanhas dos espíritos que faziam da floresta seu lar. Mesmo ainda muito espantado, tomou coragem e se aproximou para observar.
Nesse momento, a Caveira chamou-o e pediu:
— Chegue mais perto, caçador, que eu não mordo, não!
Mas quem diz que ele a atendeu. Mais desconfiado do que propriamente assustado, o caçador ficou onde estava e somente depois de mais algum tempo juntou um restinho de coragem e perguntou:
— Quem a pôs nesse lugar, Caveira?
— Foi a Morte, caçador — apressou-se ela a responder.
— E quem a matou?
Enigmática, os olhos brilhando nas órbitas vazias, a Caveira voltou a responder:
— Quem perde o corpo é a língua!
O caçador voltou para casa e contou aos companheiros o que acontecera. Ninguém acreditou, mas conversa vai, conversa vem a história da Caveira que falava no meio da floresta foi se espalhando, espalhando, até que muita gente dela falava. Dias mais tarde o caçador passou pelo mesmo pedaço escuro e sombrio da floresta e tornou a ver a Caveira no mesmo lugar, ajeitada caprichosamente num oco de uma enorme e igualmente assustadora árvore. Tornou a fazer as mesmas perguntas e, como era de esperar, ouviu as mesmas respostas. Mais
que depressa o caçador correu para a aldeia e, todo orgulhoso de si mesmo, pois afinal era o único que encontrava e conversava com a misteriosa Caveira, teimou em contar a história aos companheiros. A verdade é que tanto ele contou que muitos começaram a ficar
com raiva dele... afinal de contas, que Caveira era aquela que só falava com ele?
E por quê? Seria mentira?
Por fim, acabaram dizendo:
— Vamos ver essa tal Caveira de que fala tanto, mas ouça bem: se ela não disser coisa alguma que se pareça com tudo isso que você tem dito a nós, vamos lhe dar lá mesmo a maior surra de pau que você já levou para deixar de ser mentiroso, ouviu bem?
Certo que a Caveira não o decepcionaria, mais do que depressa o caçador os conduziu até a sua estranha companheira. Vendo-a, apressou-se em lhe fazer as tais perguntas de que tanto falara, mas a Caveira não murmurou sequer qualquer coisa. Calada estava, calada ficou. Mais o caçador perguntava, mas ela ficava calada. Nem um “ai”, quanto mais uma resposta.
Diante dos olhares ameaçadores dos companheiros, ele ainda tentou argumentar, dizer qualquer coisa, encontrar um jeito de...
Mas ninguém quis saber de conversa e muito menos de explicação. Caíram sobre ele com toda a raiva do mundo e deram-lhe uma grande surra. A maior que já levara. Foram embora reclamando muito e gritando:
— Mentiroso! Pobre caçador!
Todo machucado, o corpo dolorido, ficou estirado no chão, gemendo. Só com muito esforço, conseguiu forças para ficar de pé. Quando finalmente conseguiu se levantar, olhou cheio de raiva para a Caveira e resmungou:
— Olha bem, coisa do diabo, o que fez comigo!
Os olhos dela cintilaram quase zombeteiramente e, depois de algum tempo, ela afirmou:
— Quem perde o corpo é a língua, meu amigo, é a língua...
E cá entre nós, com toda razão!
O caçador, bem machucado, foi para casa e, dessa vez, calou-se, guardando para si aquilo que somente ele ouvira.
Mukuendangó, Mukúfuangó, Mukuzuelangó, Mukuiangó.
(Por andar à toa, morre-se à toa; porfalar à toa, vai-se à toa!)
Lendas Negras de Júlio Emílio Braz – Quimbundo

Dela



A jogada tinha sido feita com vontade. A roleta girava. Dela, assim se chamava, tinha á sua mercê o casino. A obtenção de dinheiro fácil tinha feito dela, uma perita em números, em sequência de números. Jogando na roleta ou em outro jogo o lucro era sempre superior ao prejuízo. Com frenesim tentou a jogada. Tinha apostado alto. Quando o resultado saiu, o suspiro da plateia tornou-se insuportável para ela. Dela tinha perdido. Tinha perdido tudo. Saiu da mesa em passo rápido e desanimado. Olhou para as ranhuras das máquinas. Tinha algumas moedas que lhe apertavam no bolso. Decidiu sair do casino. Vagueou pelas ruas da cidade que conhecia bem. A noite estava luminosa. O néon das luzes das diversas lojas, misturavam-se com a luz da lua cheia. De vez em quando Dela acenava para alguém que passava. Eram três da manha. Sentiu-se só. Pegou no telefone. Digitou alguns números. Do outro lado a resposta que não estava a espera. Desligou ainda o gravador não tinha acabado. Voltou-se para parque onde tinha deixado o carro. De repente sentiu um calafrio. Alguém a estava a seguir. Voltou-se. Nada viu. Continuou apressando o passo. Entrou no carro e a grande velocidade arrancou. Acendeu um cigarro e ligou o rádio enquanto percorria as avenidas vazias

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